Homenagem ao prof. dr. Fúlvio Pileggi

Faleceu no dia 4 de abril último, em São Paulo, o Prof. Dr. Fúlvio Pileggi, figura de destaque na cardiologia brasileira e latino-americana que dirigiu o InCor de 1982 a 1997. Nesse período ele consolidou o Instituto como legado dos Professores Euriclydes de Jesus Zerbini e Luiz Venere Décourt, conferindo-lhe destaque nacional e internacional na cardiologia.

“É inestimável a importância do Prof. Fúlvio para o InCor e para todos nós que tivemos a honra de conviver com ele e aprender com o seu pioneirismo e exemplo”, diz o Prof. Dr. Roberto Kalil Filho, presidente do Conselho Diretor.

Para o Prof. Dr. Fábio Jatene, vice-presidente do Conselho Diretor, o Prof. Fúlvio foi uma das grandes lideranças do InCor e um dos maiores responsáveis pelo grande prestígio que o Instituto conquistou. “Sempre tive muito respeito pela sua atuação, grande gratidão pelas suas orientações durante minha formação e pelo apoio à minha carreira”, diz ele.

“Considero-o o maior responsável pela formação da notável instituição que é hoje o InCor. Era um líder natural, um grande médico, tanto pelo conhecimento como pelo humanismo. Ele teve uma visão administrativa avançada para a instituição. Estimulou a criação de equipes técnicas de excelência. Trouxe ciência para o InCor, através da contratação de pesquisadores em áreas básicas. Formou vários médicos e pesquisadores da maior qualidade.”, relembra o Prof. Dr. Protásio Lemos da Luz, professor sênior do Departamento de Cardiopneumologia da FMUSP, que trabalhou com o Prof. Pileggi por mais de 20 anos.

Para aqueles que desejarem expressar sentimentos de condolências, a família Pileggi disponibilizou o e-mail pileggifamilia@gmail.com.

Prof. Fúlvio e InCor: sempre juntos

Em 2011, quando tinha 84 anos, o Prof. Fúlvio Pileggi fez seu último discurso no InCor, por ocasião da inauguração do nosso Centro de Pesquisa Clínica, que leva o seu nome. Nessa ocasião, ele relembrou o caminho que trilhou no Instituto – e que lhe dava tanto orgulho – como o sonho de uma geração que virou realidade: “A chave da felicidade é sonhar. A chave do sucesso é tornar os sonhos uma realidade!”.

“O Incor, como todo hospital universitário, deve apoiar-se num tripé: assistência, ensino e pesquisa. Quanto ao primeiro item, a instituição sempre se empenhou, e se empenha cada vez mais, em tratar o doente com humanidade e modernidade, não fazendo diferença quanto a origem social, raça e cor. Quanto ao ensino, sem dúvida o Incor tem posição de destaque no Brasil e na América Latina, pois há muitos anos prepara especialistas do mais alto nível em cardiologia, pneumonia e cirurgia torácica, com seus cursos de mestrado, doutorado e especialização. Muito importante também é seu curso de graduação, que dá a base que todo médico deve ter em cardiologia e pneumologia aos alunos da Faculdade de Medicina da USP. Quanto à pesquisa, o caminho foi árduo e tormentoso. Pesquisadores do mais alto gabarito foram contratados e formados ao longo dos anos, levando o nome do Incor a ser respeitado e reconhecido como um dos centros mais importantes do mundo em pesquisa cardiológica clínica e básica.”

Amor pela ciência

O Prof. Fúlvio Pileggi iniciou sua trajetória na medicina em 1947, quando passou em terceiro lugar no exame para a USP. Fez internato e residência no HC e ganhou uma bolsa de estudos da fundação Rockfeller para o Instituto Nacional de Cardiologia do México, naquela época um dos centros mais importantes da cardiologia mundial.

De volta ao Brasil, trabalhou com o professor Décourt, à época chefe do Serviço de Cardiologia Clínica do HC, a quem iria suceder anos depois. Foi assistente, livre-docente, adjunto e titular da disciplina. Também participou da união do Serviço de Cardiologia Clínica, de Décourt, com o Serviço de Cirurgia Cardíaca, de Zerbini, e viu o incrível aumento da demanda por leitos cardiológicos, que levaram ao desenvolvimento do sonho que viria a ser o InCor, batizado em sua inauguração como Instituto de Doenças Cardiopulmonares.

Depois de obter todos os títulos de professor de cardiologia na Faculdade de Medicina da USP, inclusive o de titular da especialidade em 1977, ele se tornou diretor-geral do InCor.

Inaugurado em 1977, o InCor fez com que o setor de cardiologia do HC ganhasse vida própria, sem, no entanto, deixar de atuar em sinergia com todo o hospital universitário da FMUSP. A habilidade gerencial do professor implementou de fato a missão da Fundação Zerbini, uma entidade de direito privado criada em 1978 para dar suporte financeiro ao InCor.

Com o suporte econômico e a agilidade burocrática propiciada ela Fundação Zerbini, o InCor pôde destinar à época 10% dos leitos para pacientes de convênios privados ou clientes particulares, que pagavam pelos bons serviços prestados pelos cardiologistas da instituição. Os outros 90% eram dedicados a pacientes do sistema público de saúde. Esse modelo gerencial flexível hoje se tornou uma referência para fundações e mantenedoras de hospitais pelo Brasil afora.

Com sua missão cumprida, Pileggi se aposentou em 1997, quando era professor titular de Cardiologia, chefe do Departamento de Cardiopneumologia na Faculdade de Medicina da USP e diretor-geral do InCor. Em seus 59 anos de exercício na medicina, manteve-se atuando na cardiologia clínica e na pesquisa científica. Publicou cerca de 488 artigos em revistas científicas nacionais e 233 em periódicos internacionais.

Veja abaixo algumas fotos da cerimônia de inauguração do Centro de Pesquisa Clínica “Prof. Dr. Fúlvio Pileggi”, realizada no anfiteatro do InCor em setembro de 2011.

Homenagem ao prof. dr. Fúlvio Pileggi

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